O que fazer quando um aluno falta a uma aula?
Há imensas razões,
perfeitamente plausíveis e justificadas, para um aluno faltar a uma ou mais aulas.
Seja por doença (talvez a mais frequente) seja por outro tipo de razões desde provas
desportivas (relembremos os atletas de alta competição) até ao cumprimento de obrigações
legais (ligadas a aspetos jurídico-legais) entre muitas outras. Nestes casos o
que fazer?
O conceito, considerado como antecessor ao filpped classroom, -
inverted classroom - parece ter tido cunhado por Lage, Platt & Treglia (2000) num curso de
Economia (http://kimbathker.wordpress.com/digital-review/) no ensino superior em que estes docentes disponibilizavam aos alunos, através da videoagração, as respetivas aulas.
Mais tarde surge o termo
flipped classroom que é empregue num programa de televisão (2007) pelos professores
Aaron Sams e Jonathan Bergmann, estes professores, do ensino não superior, que para responderem à questão anteriormente colocada, resolvem fazer uma série de gravações.
Inicialmente seriam as próprias aulas videogravadas e disponibilizadas aos alunos. Mais tarde oferecem um produto mais elaborado que consiste em videogravar os slides que apresentavam na aula comentados de viva voz pelos próprios como que simulando a própria aula. De evolução em evolução chegam à videobravação, planeada intencionalmente, dos conteúdos científicos, como forma de substituírem as aulas de exposição oral, mas já não como uma estratégia de remediação mas como método de actuação sistemática. Nesta estratégia, cuja evolução iremos acompanhando, chegamos à pergunta de partida que ao fim de algum tempo estes professores de Química fizeram a si próprios – Qual a melhor forma de usar o tempo de aula com os alunos?
Quando perguntado
sobre a origem da designação (Flipped classroom) Bergmann recorda a implementação do
termo em 2006/2007, numa sequência de eventos que envolvem outros
protagonistas, nomeadamente, Karl Fisch. Este usou uma metodologia idêntica,
descrita por Dan Pink num artigo no “The Telagraph” (http://www.telegraph.co.uk/finance/businessclub/7996379/Daniel-Pinks-Think-Tank-Flip-thinking-the-new-buzz-word-sweeping-the-US.html), como Fisch Flip, designação que terá adotado por semelhança com o modelo
proposto por Sams e Bergmann.
Em 2011 Sal Khan apresenta
uma conferência no “TED talk” cujo título (em português) é “Vamos usar o vídeo para
reinventar a educação” onde ele explica como, para ajudar os sobrinhos nas suas dificuldades com a
matemática, inicia um conjunto de vídeos em que passo a passo vai explicando a
resolução dos problemas.
Este conceito evolui e com o patrocínio da Melinda and Bill Gates Foundation vai criar a Khan Academy (https://www.khanacademy.org/) que é hoje uma referência mundial no que se refere a vídeos explicativos sobre os mais variados assuntos académicos. Há também, com o patrocínio da Fundação Portugal Telecom, uma versão em português europeu (http://www.fundacao.telecom.pt/Home/KhanAcademy.aspx) só para a matemática.
As variações
sobre a temática sucedem-se a uma enorme velocidade e outro dos grandes impulsionadores desta
estratégia,tal como Bergmann e Aaron também professor de Química, Ramsey Musallam, define o flipteaching como
uma forma de os alunos serem primeiramente expostos aos conceitos antes de os
estudar em que, como ele próprio afirma, “se deslocam alguns aspetos do ensino para
fora da sala de aula”. Numa perspetiva mais de investigação por descoberta, integra
o conceito, que no seu entender remonta ao século 19 onde o General Sylvanus Thayer já o
usava na Academia Militar de West Point, com vários estilos de aprendizagem
como a técnica do questionamento (inquiry), colaboração e pensamento crítico
(critical thinking) num conjunto que associa aos ciclos de aprendizagem.
Poderíamos continuar
a descrever aspetos da historigrafia do Flipped Teaching mas creio que o objectivo deste post, que passava por oferecer um enquadramento de evolução temporal está, para já, conseguido.
Concluo referindo que as perguntas inicialmente formuladas, quer no que se refere às aulas não assistidas quer no que se refere à melhor forma de utilizar o tempo de aula podem obter resposta positiva com esta estratégia, como procuraremos demonstrar em futuras publicações de forma mais pragmática.
Concluo referindo que as perguntas inicialmente formuladas, quer no que se refere às aulas não assistidas quer no que se refere à melhor forma de utilizar o tempo de aula podem obter resposta positiva com esta estratégia, como procuraremos demonstrar em futuras publicações de forma mais pragmática.
Não vou, porém,
terminar sem me referir, uma vez mais aos autores que mais me influenciaram
sobre o que chamei de “ensino às avessas”, Bergman e Aaron, e que hoje continuam
na vanguarda desta temática, apesar de o primeiro já se encontrar aposentado da
função docente. A última referência vai para o site que agrega uma grande parte
dos seguidores desta estratégia e que pode ser acedido em: http://flippedlearning.org/Page/1
Nota: É inevitável
que a esmagadora maioria das referências que fui deixando ao longo deste post
estejam todas em inglês e se refiram quase exclusivamente aos Estados Unidos da
América. Voltaremos ao assunto noutros contextos.
Sem comentários:
Enviar um comentário