segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Universal Design for Learning (UDL) – I Parte



Este é um primeiro post sobre o tema cujo objetivo é contribuir para a divulgação do Universal Design Learning (UDL) cuja tradução para português é Desenho Universal de Aprendizagem. Por comodidade, ao longo dos textos sobre o tema, referimo-nos a este conjunto de princípios através da sua sigla inglesa – UDL.  Esta abordagem surge da necessidade de conciliar a diversidade dos alunos que surgem numa sala de aula com a pressão, que atualmente se faz sentir mais que nunca, na obtenção de resultados académicos para todos os alunos.

Nas Guidelines da versão 2.0, apresentadas em fevereiro de 2011, o conceito de UDL é caracterizado da forma que se segue:

Universal Design for Learning (UDL) is a framework that addresses the primary barrier to fostering expert learners within instructional environments: inflexible, “one-size-fits-all” curricula. It is inflexible curricula that raise unintentional barriers to learning. Learners who are “in the margins”, such as learners who are gifted and talented or have disabilities, are particularly vulnerable. However, even learners who are identified as “average” may not have their learning needs met due to poor curricular design. (CAST, 2011, p. 4)
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Duas ordens de razões contribuíram para a oportunidade de desenvolver este conceito. Uma surgiu das descobertas mais recentes da neurociência sobre o funcionamento do cérebro e, em particular, sobre a forma como este está implicado no processo de aprendizagem. A segunda razão resulta das características e potencialidades que as novas tecnologias trouxeram ao ensino ((disponível em: http://www.udlcenter.org/aboutudl/udlguidelines).


  David Rose e Anne Meyer afirmam no seu livro “Teaching every student in the digital age”,  (http://www.cast.org/teachingeverystudent/ideas/tes/) citando Donna Palley, uma especialista em ensino especial e em tecnologia, que UDL “é a interceção onde todas as nossas iniciativas – unidades integradas, ensino multi-sensorial, inteligências múltiplas, uso de computadores nas escolas, avaliação baseada nas competências, e outros – se encontram.” (Rose & Meyer, 2002, p. 17)
O referido livro, ajuda-nos a perceber a extensão da implicação que estes princípios de atuação têm no processo de ensino e de aprendizagem, e permite-nos não só perceber como esta atuação tem implicações diretas na sala de aula, mas também nos dará ferramentas que possibilitem uma melhoria dos trabalhos e dos resultados dentro da sala de aula.

O Center for Applied Special Technology (CAST) (http://cast.org/index.html) foi fundado em 1984 para criar as condições para que os alunos com dificuldades de caráter permanente pudessem ter sucesso num currículo que assentava, essencialmente, em texto escrito.

 A investigação levada a cabo conduziu a uma inversão de estratégia de tal forma que em vez de tornar o texto escrito acessível aos alunos com dificuldades específicas criaram-se princípios de atuação que transformam os materiais e métodos de ensino acessíveis a todos os alunos. Em vez de ser o aluno a fazer o esforço de se adaptar aos materiais são estes que são desenhados de tal forma que possam adaptar-se a todos os alunos e não apenas aos que apresentam dificuldades específicas de aprendizagem sejam elas de caráter permanente ou transitório.

Assim o UDL é um conjunto de princípios baseados na investigação que, constituindo-se como um todo, formam um enquadramento de caráter prático para maximizar as oportunidades de aprendizagem a todos os alunos recorrendo ao uso das tecnologias.
As origens do universal design encontram-se nos trabalhos de Ron Mace, (http://www.ncsu.edu/ncsu/design/cud/about_us/usronmace.htm) ligados à arquitetura, cujo principal objetivo era o de criar condições de acesso para todos os indivíduos independentemente das suas capacidades motoras (http://udinstitute.org/). Percebeu-se então que seria economicamente e até esteticamente mais vantajoso desenhar e planear, de raiz, estruturas com capacidade de acesso universal, do que eliminar, a posteriori, as barreiras físicas que impedem o acesso de alguns cidadãos às estruturas preexistentes (http://www.brasilparatodos.com.br/desenhouniversal.php).

Este planeamento, pensado inicialmente para resolver problemas de pessoas com dificuldades específicas veio posteriormente a ser também a resposta para pessoas sem deficiência mas em situações particulares. O acesso por rampa, por exemplo, pensado para cidadãos em cadeiras de rodas, verificou-se ser a solução para pessoas sem deficiência mas que as usam com carrinhos de bebé, carrinhos de compras, jovens com skates, etc.

Conclui-se assim que são as estruturas que se devem adaptar aos utentes e não o contrário e que as soluções concretizadas estão longe de ser pensadas exclusivamente para cidadãos portadores de deficiência antes são a resposta para todos os cidadãos.

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