Este é um primeiro post sobre o
tema cujo objetivo é contribuir para a divulgação do Universal Design Learning (UDL) cuja tradução para português é
Desenho Universal de Aprendizagem. Por comodidade, ao longo dos textos sobre o tema, referimo-nos
a este conjunto de princípios através da sua sigla inglesa – UDL. Esta abordagem surge da necessidade de conciliar
a diversidade dos alunos que surgem numa sala de aula com a pressão, que
atualmente se faz sentir mais que nunca, na obtenção de resultados académicos
para todos os alunos.
Nas Guidelines da versão 2.0, apresentadas em fevereiro de 2011, o
conceito de UDL é caracterizado da forma que se segue:
Universal Design for Learning (UDL) is a
framework that addresses the primary barrier to fostering expert learners
within instructional environments: inflexible,
“one-size-fits-all” curricula. It is inflexible curricula that raise
unintentional barriers to learning. Learners who are “in the margins”, such as
learners who are gifted and talented or have disabilities, are particularly
vulnerable. However, even learners who are identified as “average” may not have
their learning needs met due to poor curricular design. (CAST, 2011, p. 4)
Duas ordens de razões contribuíram para a oportunidade de desenvolver este conceito. Uma surgiu das descobertas mais recentes da neurociência sobre o funcionamento do cérebro e, em particular, sobre a forma como este está implicado no processo de aprendizagem. A segunda razão resulta das características e potencialidades que as novas tecnologias trouxeram ao ensino ((disponível em: http://www.udlcenter.org/aboutudl/udlguidelines).
David Rose e Anne Meyer afirmam no
seu livro “Teaching every student in the digital age”, (http://www.cast.org/teachingeverystudent/ideas/tes/)
citando Donna Palley, uma especialista em ensino especial e em tecnologia, que UDL
“é a interceção onde todas as nossas iniciativas – unidades integradas, ensino
multi-sensorial, inteligências múltiplas, uso de computadores nas escolas,
avaliação baseada nas competências, e outros – se encontram.” (Rose & Meyer, 2002, p. 17)
O referido livro, ajuda-nos a perceber a extensão da implicação
que estes princípios de atuação têm no processo de ensino e de aprendizagem, e permite-nos
não só perceber como esta atuação tem implicações diretas na sala de aula, mas
também nos dará ferramentas que possibilitem uma melhoria dos trabalhos e dos
resultados dentro da sala de aula.
O Center for Applied Special Technology (CAST) (http://cast.org/index.html) foi fundado
em 1984 para criar as condições para que os alunos com dificuldades de caráter
permanente pudessem ter sucesso num currículo que assentava, essencialmente, em
texto escrito.
A investigação levada a cabo
conduziu a uma inversão de estratégia de tal forma que em vez de tornar o texto
escrito acessível aos alunos com dificuldades específicas criaram-se princípios
de atuação que transformam os materiais e métodos de ensino acessíveis a todos
os alunos. Em vez de ser o aluno a fazer o esforço de se adaptar aos materiais
são estes que são desenhados de tal forma que possam adaptar-se a todos os
alunos e não apenas aos que apresentam dificuldades específicas de aprendizagem
sejam elas de caráter permanente ou transitório.
Assim o UDL é um conjunto de princípios
baseados na investigação que, constituindo-se como um todo, formam um
enquadramento de caráter prático para maximizar as oportunidades de
aprendizagem a todos os alunos recorrendo ao uso das tecnologias.
As origens do universal design encontram-se nos trabalhos de Ron Mace, (http://www.ncsu.edu/ncsu/design/cud/about_us/usronmace.htm)
ligados à arquitetura, cujo principal objetivo era o de criar condições de
acesso para todos os indivíduos independentemente das suas capacidades motoras (http://udinstitute.org/). Percebeu-se então que
seria economicamente e até esteticamente mais vantajoso desenhar e planear, de
raiz, estruturas com capacidade de acesso universal, do que eliminar, a posteriori, as barreiras físicas que
impedem o acesso de alguns cidadãos às estruturas preexistentes (http://www.brasilparatodos.com.br/desenhouniversal.php).
Este planeamento, pensado
inicialmente para resolver problemas de pessoas com dificuldades específicas
veio posteriormente a ser também a resposta para pessoas sem deficiência mas em
situações particulares. O acesso por rampa, por exemplo, pensado para cidadãos
em cadeiras de rodas, verificou-se ser a solução para pessoas sem deficiência
mas que as usam com carrinhos de bebé, carrinhos de compras, jovens com skates, etc.
Conclui-se assim que são as estruturas
que se devem adaptar aos utentes e não o contrário e que as soluções concretizadas
estão longe de ser pensadas exclusivamente para cidadãos portadores de
deficiência antes são a resposta para todos os cidadãos.
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